Sou
refém da Palavra
Sou
refém de quem amo
Refém
da própria vida
Refém
de mim
Sou
refém até da liberdade que tenho mas não gozo
da solidão e do silêncio que me
aconchegam
Sou
refém da Palavra que desgraçadamente omite a quem bem quer
Refém da Palavra que mente por amor, mas
não se cala no ódio
Sou
também refém da Palavra que atropela a Alma quando se sente presa, por não a
deixar soltar-se
Mas
ela, a Palavra, também sabe calar-se por receio de magoar
É
ela, a Palavra, que em mim se refugia
que
em mim se denuncia
que
em mim se oculta despindo-se apenas quando se sente livre, porque sabe que a
escrevo
Sou
refém de ti, Palavra, por seres igualmente minha refém