OLHARES CRUZADOS - A EUROPA EM ANGOLA

Na sequência do post anterior, fiquei apurada para a segunda fase. Nesta fase candidatei-me aos sete temas em conjunto com um poema de minha autoria. As fotografias deveriam de ser acompanhadas por uma legenda de até 60 palavras, decidi fazer um poema não ultrapassando as 60 palavras. Não foi tarefa fácil, mas consegui. 

I – DIGNIDADE

Dignidade do Ser Humano – (Artº.1)

 


 

Percorro o lixo, procuro algo

Uma sandes de fome, um copo de sede

A nudez de uma roupa, um calçado sem gente

 

Percorro o lixo, procuro o nada

Um teto sem luz, mas com estrelas no céu

Um chão molhado, numa terra com véu

 

Percorro o lixo, procuro o tudo

Um futuro sem passado...

E um presente bem ausente

 


Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 13 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 24 de Maio 2015 no Bairro Cazenga em Luanda

 


 

II – LIBERDADE

Direito à Educação (Artº. 14)


 

Faça chuva, faça Sol, faça frio ou calor

Aprenderei a escrever, a ler e até, a cantar

Junto letras e sílabas, com gratidão e amor

Separo a dor e as lágrimas, imagino-me a voar

 

Serei alguém com saber, também com sabor

Serei um ser sapiente, com muito valor

Princípios éticos e morais, aqueles pelos quais

apenas trocarei, por outros iguais

 

 

 Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 14 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 10 de Julho de 2017 na Província do Cunene

 

 

 

III – IGUALDADE

Diversidade Cultural, Religiosa e Linguística (Artº. 22)


 

Passeio numa passerelle, disfruto roupas de tribos ancestrais

olhares vêem-me e apreciam, o que Angola tem de belo

Faço parte de uma cultura, de um povo pintado em vitrais

Vivencio e perpétuo, a diversidade de tons, em caramelo

 

Sons quentes, tons influentes

Ares ardentes e terras eloquentes

 

Nós somos assim!

Angola, país do frenesim!



Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 15 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 07 de Novembro de 2015 na Gala Miss Mãos de Fada no HCTA em Talatona, Luanda

 

IV - SOLIDARIEDADE (AMBIENTE)

Proteção do Ambiente (Artº. 37)

 


Mergulhei num mar enganado

Azul marinho ou verde cristalino

Não importa, ele estava Impregnado

De plástico e redes, de trapos e vimo

 

Foi quando submergi nestas águas caladas

Que senti e vivi o que o homem afogou

Uma fauna colorida, agora silenciada

Pelo mergulho do lixo que nele penetrou

 

 Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 13 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 05 de Março de 2019 na Marginal de Luanda

 

V – SOLIDARIEDADE

Proibição do Trabalho Infantil e Proteção dos Jovens no Trabalho (Artº. 32)


Brinco trabalhando, trabalho a brincar

Não tenho tempo, nem posso, sequer, pensar em estudar

Sorrio com vontade, gosto de vivenciar

O que de mais belo tenho, o prazer de sonhar

 

Sonho um dia ser rica, sem dinheiro

rica no espírito, para alimentar todas as almas

Calar o vento da discórdia, desse grande feiticeiro

Rechear lágrimas, misericórdia…

 

Com chuvas, águas calmas!

 

Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 15 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 26 de Maio 2018 no Bairro Palanca em Luanda

 


VI – CIDADANIA

Liberdade de Circulação e de Permanência (Artº. 45)

 


Já posso escavar, semear, colher

Já posso andar, circular, permanecer

Escolher a bancada para ficar

Sentar, eleger o lugar para vender

O fruto que outrora semeei

O legume que plantei,

Não importa,

O que interessa é que o que cultivei,

Posso colocar a circular que, tal como eu,

Anda, circula e permanece, num lugar que jamais se esquece!

  

Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 15 de Abril de 2021

 

Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 26 Maio 2018 no Bairro Palanca em Luanda

 

VII – JUSTIÇA

Direito à Ação e a um Tribunal Imparcial (Artº. 47)

 


 A balança simboliza a equidade, o equilíbrio, a ponderação e a justeza das decisões.

Aqui, a balança são latas que simbolizam o equilíbrio desequilibrado, decisões indecisas, e ponderações imponderadas, mas, todas elas tem um propósito, ser justas perante o ser, dar mais do que vender, ser mais do que ter e, acima de tudo, balancear sempre, o norte desnorteado.

   

Poema da autoria de Ana Mascarenhas

em 15 de Abril de 2021


 Fotografia da autoria de Ana Mascarenhas em 26 Maio 2018 no Bairro Palanca em Luanda