Um doa poemas que faz parte da antologia poética OPUS
Devolveste-me o choro.
Mas levaste-me o sorriso.
Devolveste algo que eu pensei estar perdido há muito tempo.
Perdido ou esquecido? Bem, não importa.
O que é certo é que devolveste.
Devolveste algo que reflete uma das características humanas, mas com ele, levaste-me o sorriso, algo tão importante como o choro.
Gostava que o choro e o sorriso andassem de mãos dadas, para me sentir mais humana e não este poço de insensibilidade fora do comum.
Depois de sentir a dor da rejeição de alguém que carregamos 9 meses dentro de nós, tornei-me a pessoa mais fria que existe ao cimo da terra.
Mas tu... tu presenteaste-me o choro com a tua ausência, e em troca levaste algo que me acompanhou com a tua presença, o sorriso.
Mas o choro não se fez rogado, não querendo ficar sozinho decidiu acompanhar o sorriso também.
E eu sozinha fiquei.
Sem sorriso e sem choro novamente.
Em mim voltou a habitar a frieza e a apatia que me tornam a pessoa mais insensível que alguma vez conheci.
A dor deve ter reconhecido o seu habitat e regressou em flecha para ele.
Agora estou acompanhada da dor, e com ela veio também a insensibilidade e a frieza.
Devolveste-me o choro, mas ele não quis ficar.
Em troca levaste o sorriso e deixaste a dor.
Ana Mascarenhas