Com a escrita me acuso, me delato e inocento... Com a imagem denuncio sem palavras e me culpo em silêncio...
Entrevista ao Jornal "Inside" - O Jornal à tua medida
I.F. Como se vê a Ana Mascarenhas Pessoa da Escritora?
A.M. Atualmente a Ana Mascarenhas Pessoa não difere muito da Ana Mascarenhas Escritora. Decidi dedicar-me a causas, e a escrita não é exceção. Através da escrita quero denunciar os males da sociedade. Como Pessoa denuncio o que acho estar errado quer seja através dos órgãos competentes, quer seja através de atos próprios, com a escrita faço o mesmo, faço das letras o grito de alerta.
I.F. O que te motiva e leva a continuar a escrever?
A.M. Acima de tudo o que me motiva a escrever são as emoções. Quer sejam elas eufóricas ou disfóricas são as emoções a base da minha motivação, porque tudo me provoca emoção, logo, tudo me motiva. A injustiça, os afetos, o prazer, o deleite, a cobardia, o medo, a ganância, enfim… sentimentos e as suas contradições humanas resumidas numa única palavra… emoções.
I.F. Sei que vem nova obra a caminho. Como nasceu, a razão? O que sentiste enquanto a escrevias?
A.M. Sim, é verdade! Está para breve uma nova obra e nasce na sequência da primeira pergunta, ou seja, decidi dedicar-me a causas. Por razões muito pessoais, decidi fazer da minha própria experiência de vida uma força interior, um alerta, uma denuncia, chamar a atenção da sociedade para o que está mal, o que devemos fazer para mudar, não recear sair da zona de conforto, desafiar os nossos medos e aprender a viver, porque vida só há uma e é nela que temos que apostar.
O que senti ao escrever??! Senti muita coisa. Muitas emoções, contradições, revolta, pena, raiva, mas também, serenidade por me saber livre, por me saber em paz para comigo mesma, por saber que nada fiz para merecer o que me aconteceu e acreditar que um dia o tempo me dará as respostas que hoje não tenho. O tempo aparentemente nosso inimigo é o nosso maior aliado.
Bolero!
Fecho os olhos
Oiço a música
Ela em mim cresce, floresce
Bolero!
O som levemente perscrutado pelos meus ouvidos
Segue na direção do meu cérebro e este apenas o dirige para
o meu corpo
Uma vez mais, Bolero!
De olhos vendados e sentidos apurados, Bolero fecunda-me a
Alma
Invade-me o corpo e dele faz o seu palco, o seu recinto de
melodia
Com ele os meus braços acenam suavemente como asas de borboletas
Que espantam o vento, mas não a ventania… é tudo muito
suave… a música toca
Toca ainda no seu estado mais puro, as batidas são
delicadas, por isso o corpo dança
Balança com pés de veludo, sem machucar, sem esvoaçar
A batida aumenta, os sons esventram-me o corpo, e nele tudo
estremece
Os sentidos tendem a explodir, a música força-me a sentir
É uma vez mais, Bolero!
O delicado passa a excessivo, entro em erupção, entro em
completo transe, explosão
A música torna-se insolente, descarada, metediça, e sem
licença pedir, penetra-me no corpo e dele faz o seu coito, o seu prazer…
sentir, apelar e saborear o que é bom de ouvir…. Bolero!
Sim, Bolero de Ravel, a balada que aumenta o prazer de
sentir ao ouvir tamanha melodia.
Ana Mascarenhas
Ana Mascarenhas na RDS Lisboa
Ana Mascarenhas esteve na RDS Lisboa para falar sobre o seu próximo Livro "Os Limites do Mal".
No decorrer da conversa entre quem é a Ana Mascarenhas como Mulher e o que faz em Angola, Ana Mascarenhas leu um poema de sua autoria intitulado "Sou Lisboa!"
Choro porque sei irei em breve deixar novamente a minha Lisboa
No decorrer da conversa entre quem é a Ana Mascarenhas como Mulher e o que faz em Angola, Ana Mascarenhas leu um poema de sua autoria intitulado "Sou Lisboa!"
Sou cidadã do mundo!
Mas hoje choro!
Choro porque sei irei em breve deixar novamente a minha Lisboa
Lisboa que me viu nascer
Lisboa que me viu crescer
Lisboa que me viu florescer
Lisboa que me viu amar
Lisboa que me viu parir
Mas, também, Lisboa que me viu morrer
Hoje choro!
Choro por deixar a minha Lisboa da forma como tenho que deixar
Choro por deixar a minha Lisboa da forma como tenho que deixar
Choro por deixar a minha Lisboa que tanto Amo
Choro por deixar a minha Lisboa, a minha história, a minha
Vida, também
Sou cidadã do Mundo!
Aprendi a sê-lo!
E não deixo de Amar cada canto por onde passo
Cada recanto por onde ando
Cada pessoa que trespasso
Cada cultura que aprendo
Mas acima de tudo não deixo de Amar também a Minha Lisboa
A terra que me viu nascer, aquela em que me mataram a Alma
Mas também aquela em que dela faço a Fénix renascida das
cinzas
Sou cidadã do Mundo!
Aprendi a sê-lo!
Mas acima de tudo sou Lisboa!
Ana Mascarenhas
A Equipa
Sandra Brazinha e Carlos Pinto Costa
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