"Vazios da Escrita" na Livraria Pó dos Livros

O Livro "Vazios da Escrita" já está disponível na Livraria Pó dos Livros em Lisboa



Avenida Marquês de Tomar n.º89
1050-154 Lisboa
Tel. 00 351 21 795 93 39











"Vazios da Escrita" na Wook

O livro "Vazios da Escrita" já se encontra disponível no site da Porto Editora/Wook

Vazios da Escrita                                                 
Vazios da Escrita

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 160
Editor: Edium Editores
ISBN: 9789897010361

 

sobre o livro

Sinopse

É, um texto para ser lido com lentidão, porventura desordenadamente, ao sabor do imprevisto, furtando em cada página um pensamento, uma experiência, uma história, um verso que nos alumie o dia. Revolta feminina, sofrimento humano, algum cepticismo sobre a real valia da humanidade, pouca alegria, nenhum júbilo - eis o trem de que se compõe esta centena e meia de páginas, rebaptizadas com propriedade de Vazios da Escrita. Vazios da Escrita porque tudo parece desavindo na mente da narradora, ou "desconcertado", como diria o nosso épico, expressão da desarmonia flagrante entre desejo, vida e mundo. Assim o vive a narradora, assim o transmite nesta obra sofrida, assim o escreve desconexamente, criando um estilo disperso e fragmentário, que força o leitor a participar, comovendo-se, partilhando de idêntica tristeza ou alegria. É um estilo desprovido da aplicação das regras clássicas de ordem, proporção e harmonia, subvertendo em absoluto a tradicional arte da escrita literária.


Vazios da Escrita

Apresentação do Livro "Vazios da Escrita"


Discurso de Apresentação do Livro “Vazios da Escrita

Boa tarde!

Antes de mais quero agradecer à “EdiumEditores” e, mais concretamente na pessoa da Isabel Fontes, pela oportunidade que me deu neste desafio referente ao meu terceiro livro, bem como, agradecer a amabilidade do Miguel Real por fazer o prefácio sobre o respectivo.

Como não podia deixar de ser, quero agradecer, igualmente, ao Sérgio Luís de Carvalho por ter aceite fazer a apresentação do “Vazios da Escrita” e, por último, mas não menos importante, antes pelo contrário, agradecer a presença de todos Vós pois, sem ela, este evento não seria possível, são todos Vós leitores que, me permitem estar onde estou, que me permitem ser o que sou e viver o que vivo, por isso…um grande bem-haja.

O livro “Vazios da Escrita” acaba por ser a continuidade do livro “Em Carne Viva”, o segundo já editado, no entanto e, pese embora reflicta também ele a sociedade, este incide mais no crescimento interior da pessoa. 

Se me permitem, gostaria que reflectissem um pouco sobre este dia pois, acredito que nada acontece por acaso…

A Revolução de 28 de Maio de 1926 pôs termo à Primeira República Portuguesa, levando à implantação da auto-denominada Ditadura Nacional, depois transformada, após a aprovação da Constituição de 1933, em Estado Novo, regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974. 

Passados 85 anos depois da Revolução de 28 de Maio, parece estarmos a viver novamente, não um Estado Novo mas, um Estado usado, podre, velho, arruinado e também camuflado… 



Há 85 anos atrás eu não poderia publicar este livro, nem este nem muitos outros, não poderia falar nem escrever livremente, passaríamos fome, muitos emigravam para viver e muitos eram detidos…mas, nunca o país esteve em divida, falência ou insolvência.

Hoje eu posso publicar este livro, tenho a liberdade de expressão mas… a fome continua, a emigração também e, ao contrário do que possam pensar, continuamos presos… detidos numa prisão sem grades, uma prisão dita globalizada em que a Europa são as grades e a Alemanha o mandatário. O país está em dívida permanente e em estado de falência, caminhamos para um abismo em que os crimes de colarinho branco saem impunes, o povo continua calado a aceitar e eu pergunto: Porquê?

Porque infelizmente houve muita gente que confundiu a palavra Liberdade com libertinagem.

Não soubemos vingar o 25 de Abril, existe uma pobreza camuflada, muitas vezes extrema, envergonhada, existe uma emigração forçada, a liberdade de expressão transformou-se na liberdade de ofensas e descrenças, hoje tudo se pode e nada se consegue, qual a diferença?! As grades invisíveis e um país em dívida e à beira da falência… provocando a injustiça social que sempre houve, mas hoje, não é denunciada pela força mas pela vergonha…logo, novamente o não está implícito…

Tenho receio por mim, pelos meus filhos, aliás, como nós todos tememos pelos nossos, ligamos a televisão e vemos reportagens que nos afligem, ouvimos notícias que nos fazem temer, meditar, divagar… pensamos: Isto não acontece connosco… enganem-se, para construir demoram-se anos, para destruir apenas um milésimo de segundo…

Por isso, digo: é importante, muito importante que saibamos vingar o 25 de Abril com honra, pois, ele só existiu porque houve um dia… o 28 de Maio de 1926…

Comecei este discurso dizendo: nada acontece por acaso…

Pois é, hoje dia 28, 85 anos após a Revolução de Maio posso publicar um livro, posso escrever, falar, sorrir, mas… o que não posso é mostrar a pobreza que sempre houve e a dívida que nunca existiu, isso é o que eu não posso…

Agora, e, deixando de parte estas pequenas considerações político-sociais e, também, a pedido de várias famílias, fica desde já prometido, mas apenas para 2012 o tão famigerado romance. Estou neste momento a desafiar-me num romance, pois os três livros agora publicados são escritos em prosa poética e poesia narrativa, desta feita será, então o meu primeiro romance. Trata-se de um romance que será diferente e único, pois retrata numa única pessoa situações que devem ser denunciadas por todos nós, como a mutilação genital, a violação, a lapidação, a barriga de aluguer, o tráfico de órgãos humanos, o rapto, as minas, o infanticídio feminino, enfim, todos os males que existem numa sociedade dita global. Estou numa fase final, mas para já…

Espero que se deliciem com os “Vazios da Escrita” e que este Vos preencha a Alma com letras sentidas…


Não queria terminar sem ler um ou dois textos e dizer um “Obrigada” à minha família e ao meu falecido pai. Propositadamente deixei este agradecimento para o fim, pois são eles o meu alicerce.

Obrigada!
Ana Mascarenhas
Lisboa, 28 de Maio de 2011

Apresentação por Isabel Fontes

Apresentação do livro "Vazios da Escrita" por Isabel Fontes








Apresentação por Sérgio Luís de Carvalho

Apresentação do Livro "Vazios da Escrita" por
Sérgio Luís de Carvalho







O Velho e o Legado

Primeiro Texto lido no Lançamento do Livro "Vazios da Escrita"


O Velho e o Legado

A barba branca de fina neve e cabelo igualmente branco mas curto, revelam a caracterização perfeita de uma sapiência ambulante.

A sua pele rugosa e gasta pelo tempo escureceu ao som da vida, pelo extenso trabalho que as suas mãos denunciam.

As unhas são o seu cartão-de-visita, denunciam, também elas, terras trabalhadas sem água mas com sal.

De tintas marcadas nas mãos envelhecidas, o papel rasgado e enrugado acompanha a velhice do legado.

Este homem de nome Velho é a sabedoria dos homens de nome Novos.

O seu legado que é irresistivelmente cobiçado por outros, não deve nunca ser partilhado, ele assim o entende, ele assim o quer, é seu, era seu…

Um dia, o povo de nome Novos uma fogueira acenderam.

Colocaram uma grande cruz de madeira nessa vermelha fogueira.

Foram buscar o homem de nome Velho e, na enorme cruz de madeira prenderam-no, para que partilhasse o seu pequeno, mas grande legado.

Prenderam-no na cruz já envelhecida pelas chamas que, a queimaram abrasando-a.

Pouco depois, a barba branca fica preta, chamuscada, juntamente com o cabelo e o cheiro a carne queimada.

O fumo denso começa ao céu a subir, desenham-se letras e, da sua boca enrugada vislumbram-se textos nunca ouvidos, do seu corpo queimado soltam-se livros nunca lidos.

Era o homem de nome Velho a morrer e o seu legado a padecer.

E, afinal, morreu com vontade de viver, no entanto, mataram-no por não partilhar o seu legado que, era seu por direito, só seu, só dele, mas na mente ele venceu.

Pois, o legado apenas deu um cheirinho através do espesso fumo que poderia ser do povo de nome Novos, se a morte naturalmente lhe batesse à porta, mas vira-se obrigado a queimar o seu “eu” e com ele, o seu legado.

O homem de nome Velho morre, o legado padece, mas o povo de nome Novos empobrece!

Espantar a Revolta

Segundo Texto lido no Lançamento do Livro "Vazios da Escrita"



Espantar a Revolta

As minhas palavras conseguem ser tão acutilantes quanto meigas.
As minhas palavras conseguem acariciar a alma mas também apunhalá-la.

São elas, as palavras que me amparam as mágoas e as dores.
Mas também me fazem sorrir, denunciar e chorar horrores.

São elas, as palavras que me confortam e protegem.
Mas também me fazem sentir injuriada, injustiçada.

São elas, as palavras que me ajudam a assombrar a vida.
Mas também me acolhem e ajudam a intimidar a morte.

São elas, as palavras, as dores dos meus sofrimentos confessados e até declarados.
São elas, as palavras, as dores dos meus choros sem lágrimas por medos revelados.

Com elas sinto sem meias-medidas, receios ou preconceitos.
Com elas grito escrevendo, afogando as marcas das mágoas.
Com elas visto sorrisos, escondendo a dor, encantando o leitor.

São elas que me adormecem quando acordada estou e, me acordam quando pernoito.
São elas que me ajudam a não ficar calada, indignada até, para me acalmar a cólera.

Não mexam com elas, nem com os meus rebentos, sou fera mansa e dócil quando delas e deles acolhem, mas sei ser fera esfomeada por rasgar e esventrar, matar e degolar, com doces e requintadas palavras de revolta, a dor que a impotência me causa por justiças não se fazerem.

As palavras são a minha maior revelação, sei ser meiga, doce e até carinhosa mas, também, sei ser acutilante, altiva e orgulhosa.

As palavras são a minha maior manifestação de dor, através da revolta nelas me desnudo, sem quaisquer sentimentos de timidez, vergonha ou pudor.

A fraqueza pode nas palavras habitar, mas nunca a cobardia em mim habitou.

A fragilidade esconde-se de mim, por receio das feridas que possa abrir, fecho-as quando as devo fechar, mas rasgo-as sem pudor da dor e, defendo-me sem remorsos, tornando-me o motim espantando a sede que tenho da revolta.

Refém da Palavra

Poema da contracapa do livro "Vazios da Escrita"


 Refém da Palavra
Sou refém da Palavra
Sou refém de quem amo
Refém da própria vida
Refém de mim

Sou refém até da liberdade que tenho mas não gozo
da solidão e do silêncio que me aconchegam

Sou refém da Palavra que desgraçadamente omite a quem bem quer
Refém da Palavra que mente por amor, mas não se cala no ódio

Sou também refém da Palavra que atropela a Alma quando se sente presa, por não a deixar soltar-se
Mas ela, a Palavra, também sabe calar-se por receio de magoar

É ela, a Palavra, que em mim se refugia
que em mim se denuncia
que em mim se oculta despindo-se apenas quando se sente livre, porque sabe que a escrevo

Sou refém de ti, Palavra, por seres igualmente minha refém

Vídeo "Vazios da Escrita"

Vídeo Realizado por Miguel Quaresma
"Vazios da Escrita"


Lançamento do livro "Vazios da Escrita"
Realizado no Hotel Real Palácio em Lisboa, no dia 28 de Maio de 2011


Sessão de Autógrafos "Vazios da Escrita"

Fotos da Sessão de Autógrafos "Vazios da Escrita"










Fotos do Lançamento do Livro "Vazios da Escrita"






Prefácio "Vazios da Escrita" por Miguel Real


ANA MASCARENHAS

O DESCONCERTO DO MUNDO

A escrita de Fragmentos da Alma (título inicial deste livro, posteriormente designado por Vazios da Escrita) não obedece nem à visão clássica do romance e do conto nem à da poesia. Afirma-se como uma narrativa de tipo novo, estranha, onde perpassa tanto a iluminação poética (“fragmentos”) quanto a narração argumentativa, ambas embaladas pelo sentimento (“da alma”). É, assim, um texto para ser lido com lentidão, porventura desordenadamente, ao sabor do imprevisto, furtando em cada página um pensamento, uma experiência, uma história, um verso que nos alumie o dia. Revolta feminina, sofrimento humano, algum cepticismo sobre a real valia da humanidade, pouca alegria, nenhum júbilo – eis o trem de que se compõe esta centena e meia de páginas, rebaptizadas com propriedade de Vazios da Escrita.

Vazios da Escrita porque tudo parece desavindo na mente da narradora, ou “desconcertado”, como diria o nosso épico, expressão da desarmonia flagrante entre desejo, vida e mundo. Assim o vive a narradora, assim o transmite nesta obra sofrida, assim o escreve desconexamente, criando um estilo disperso e fragmentário, que força o leitor a participar, comovendo-se, partilhando de idêntica tristeza ou alegria. É um estilo desprovido da aplicação das regras clássicas de ordem, proporção e harmonia, subvertendo em absoluto a tradicional arte da escrita literária. Em seu lugar, Ana Mascarenhas capta e transmite o grande vazio da vida, o aparente absurdo subversor de se acordar todas as manhãs para não se ser feliz. Desconcertada a alma, desconcertado o livro, desconcertado o estilo, dividido entre a imperfeição do mundo e a perfeição da vida plena (ou felicidade). Assim, em Ana Mascarenhas, o texto oferece-nos, “Em Carne Viva” (título de um seu livro anterior), uma consciência poética estilhaçada, pulverizada, dividida em fragmentos independentes, alimentados por um conteúdo de fogo e revolta.

Neste sentido, perpassa no livro de Ana Mascarenhas um profundo sentimento trágico, uma ausência de unidade harmoniosa para a existência, tudo se torna deserto, desconcertante, e o deserto é imenso, como escreveu Fernando Pessoa, suga-nos encantadamente a alma, arrastando-nos para o fundo delirante da escrita, para o vazio. A escrita de Ana Mascarenhas tem o condão de apagar a luz, o som e a cor das feiras populares e dos ecrãs de televisão do mundo, de criar um vazio à volta do leitor, donde só com esforço se sai, limpando o suor da alma repartida em fragmentos, uma espécie de poço sem fundo desconstrutivista, onde se perde a inocência. É bom que assim seja, significa que a sua escrita nos toca, nos choca, nos faz gritar de revolta (não de desespero), tentando abrir uma nova estrada para os homens, não a da felicidade dos romances cor-de-rosa, não a da harmonia paradisíaca oferecida pelas agências Abreu do mundo inteiro, apenas aquela em que possa haver a hipótese de, ao despertarmos de manhã, não tenhamos a certeza de que vamos ser infelizes esse dia, talvez também possamos ser felizes, não porque existem passarinhos e o céu resplandece de azul, mas porque existem formas de concerto entre os homens, que quebram o vazio da escrita.

Parabéns, Ana, pelo texto sofrido. Afinal, não tanto vazio como o título sugere.


Miguel Real,
Azenhas do mar, Sintra,
8 de Março de 2011.

Convite "Vazios da Escrita"


Boa tarde!

Venho pelo presente convidar V. Exas., para o lançamento do meu terceiro livro escrito em prosa poética e poesia narrativa, intitulado «Vazios da Escrita» e com prefácio de Miguel Real.

Miguel Real é o pseudónimo literário de Luís Martins (1953 -) Escritor, ensaísta e professor de filosofia. Em 2006, conquistou o Prémio Literário Fernando Namora com o romance A Voz da Terra. Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço é, actualmente, colaborador do JL, Jornal de Letras, Artes e Ideias onde faz crítica literária. É radialista na Antena 2, no programa Um Certo Olhar com, Maria João Seixas, Luísa Schmidt, Carla Hilário Quevedo e Luís Caetano.

Pela chancela da “EdiumEditores” o evento será apresentado pelo escritor português Sérgio Luís de Carvalho.

Sérgio Luís de Carvalho Nasceu em Lisboa no ano de 1959. Licenciou-se em História (1981) e é mestre em História Medieval (1988). Tem mais de trinta títulos publicados em várias áreas: literatura infanto-juvenil, estudos históricos e romance.

III Encontro de Escritores Lusófonos

A convite da «EdiumEditores» estarei presente como oradora no evento "Encontro de Escritores Lusófonos"



A minha participação será na "Sala de Adultos", no dia 21 de Maio, pelas 16h30 no Centro de Exposições de Odivelas e Biblioteca Municipal D. Dinis
Terá como moderadora do debate Ana Jordão (Jornalista, RDP África)





CENTRO DE EXPOSIÇÕES DE ODIVELAS E BIBLIOTECA MUNICIPAL D. DINIS

III Encontro de Escritores Lusófonos

1. A literatura teve sempre grande destaque nas anteriores edições da Bienal de Culturas Lusófonas.
É por isso que nesta terceira edição (a 20, 21 e 22 de maio de 2011), voltará a haver um Encontro de Escritores Lusófonos. Será um encontro especial e imensamente alargado, durante três dias, onde haverá a passagem e presença de cerca de cinco dezenas de escritores oriundos de todos os cantos da lusofonia. Depois deste III Encontro de Escritores Lusófonos estamos certos de que Odivelas se tornará uma espécie de capital da literatura de língua portuguesa.

2.Teremos três dias de debates organizados por painéis, de apresentações à imprensa, de apresentações ao público e de algumas homenagens. Mas o convívio entre escritores de diferentes paragens, unidos pela mesma matriz cultural, ao nível da língua, será da maior relevância.
Um dos painéis em destaque será, precisamente, o que celebra aqueles escritores que vivendo fora dos países de língua oficial portuguesa, escrevem em português e, em alguns casos, são escritores bilingues, nomeadamente radicados na Europa.

3. Em 2011 celebram-se os 750 anos do nascimento de D. Dinis, o Rei-Poeta e Lavrador. O III Encontro de Escritores Lusófonos será uma das formas de prestarmos essa devida homenagem.
Aliás, não poderia haver melhor forma de a realizarmos.

4. Durante todo o Encontro de Escritores haverá apresentações de livros e contactos regulares com a imprensa. Os diferentes painéis decorrerão em circuito aberto, isto é, todo o encontro será franqueado ao público em geral.

5. Haverá momentos especiais com performances ao nível do canto, da música e da declamação.
Destaque para a fadista japonesa Yoko, a atriz e declamadora Paula Nunes e para o maestro e pianista do Teatro S. Carlos, Nuno Lopes.

Encontro de Escritores Lusófonos




Encontro de Escritores Lusófonos

A convite da «EdiumEditores» estarei presente como oradora no evento "Encontro de Escritores Lusófonos"

A minha participação será na "Sala de Adultos", no dia 21 de Maio pelas 16h30 no Centro de Exposições de Odivelas e Biblioteca Municipal D. Dinis
Terá como moderadora do debate Ana Jordão (Jornalista, RDP África)




Em anexo junto o programa do evento apenas para o dia 21, uma vez que o mesmo terá a duração de três dias (20,21 e 22)

Cumprimenta
Ana Mascarenhas




Encontro de Escritores Lusófonos
Programa
PROTEÇÃO AOS ESCRITORES:
ACTUALIDADE E EXPECTATIVAS FUTURAS; MISSÃO E IMPACTO DO PRÉMIO LITERÁRIO

Annabela Rita (Associação Portuguesa de Tradutores)
António Carlos Cortez (Crítico, Poeta, Prémio SPA/RTP)
José Jorge Letria (Sociedade Portuguesa de Autores)
Manuel Rui Monteiro (Angola)
Maria Elsa Rodrigues dos Santos (Sociedade de Língua Portuguesa)
Miguel Real (Critico Literário, Escritor)

Moderador: João Rosário (Jornalista da RTP)

Pausa para café 11.15/11.45

Momento cultural: Coro de Câmara do Conservatório de Música D. Dinis

Painel 6 11.45/13.00
A LITERATURA PORTUGUESA EM EXPANSÃO
Ângela Carrascalão (Timor)
Germano de Almeida (Cabo Verde)João Maimona (Angola)
Lucílio Manjate (Moçambique)
Luís Costa (Timor)
Olinda Beja (São Tomé e Príncipe)
Ondjaki (Angola)
Tony Tcheka (Guiné-Bissau)

Moderador: Mário Máximo (Escritor)


Almoço 13.30/15.00

APRESENTAÇÃO DE LIVROS 15.00/18.30
Sala de Adultos (início 15.00)
Carlota de Barros (Cabo Verde)
Gabriel Baguet Jr. (Angola)
José Hopffer Almada (Cabo Verde)

16:30 - Pausa para café



Ana Mascarenhas (Portugal)

Margarida Fonseca Santos (Portugal)
Olinda Beja (São Tomé e Príncipe)

Moderador: Ana Jordão (Jornalista, RDP África)

Sala Multimédia (início 15.30)
Arménio Vieira (Cabo Verde)
Luís Peixeira (Portugal)
Ozías Filho (Brasil)

16:30 - Pausa para café

Teolinda Gersão (Portugal)
Valentinous Velhinho (Cabo Verde)
Teobaldo Virgínio (Cabo Verde)

Moderador: Artur Lucena (Poeta, Jornalista Loures Magazine Odivelas)

SESSÃO DE AUTÓGRAFOS: ONDJAKI (ANGOLA) 17.00/18.30
20º ANIVERSÁRIO ARTILETRA 19.00/20.30

Fotos do Evento Escritores Lusófonos







Discurso Encontro Escritores Lusófonos



Discurso para o Evento
«Encontro Escritores Lusófonos»

 Boa tarde!

Apresento-me como sendo autora de dois livros publicados respectivamente em 2009 e 2010, ambos escritos em prosa poética e poesia narrativa.

«Louca Sensatez», título do primeiro livro retrata a sensualidade e o erotismo feminino.
«Em Carne Viva», título do segundo retrata os males da sociedade em que vivemos.

No próximo sábado, dia 28, irei lançar o terceiro livro, igualmente escrito em prosa poética e poesia narrativa. «Vazios da Escrita» é o seu nome e tem prefácio de Miguel Real. É um livro que acaba por ser a continuidade do segundo, pois, retrata o crescimento interior, como crescemos nesta sociedade?! O evento decorrerá pelas 18h30, no Hotel Real Palácio na Rua Tomás Ribeiro, em Lisboa, assim, fica desde já o meu convite, caso queiram comparecer, obviamente, ficar-vos-ei eternamente grata.

O meu percurso literário, embora tenha iniciado publicamente aos 40 anos, revela que o ser humano tem uma capacidade ilimitada de inovar, apreender e, porque não, esgotar o seu limite apenas na imaginação, isto porque, o limite, se assim o entendermos, está na nossa capacidade imaginativa, ou seja, podemos ser tudo de todas as maneiras…

Estou neste momento a desafiar-me num romance, pois os três livros agora citados são, como disse, escritos em prosa poética e poesia narrativa. Um romance que será diferente e único, pois retrata numa única pessoa situações que devem ser denunciadas por todos, como a mutilação genital, a violação, a lapidação, a barriga de aluguer, o tráfico de órgãos humanos, o rapto, as minas, o infanticídio feminino, enfim, todos os males que existem numa sociedade dita global.

Para vos dar a conhecer um pouco da minha escrita irei ler um texto de cada livro já editado.
O primeiro pertencente ao livro «Louca Sensatez» e intitula-se «Sabre» 







Ainda é noite, mas o dia já acordou, está frio e chove torrencialmente.
Despi-me de corpo e vesti a alma, fui buscar o Sabre e abri uma das portas que dá para o jardim.

A escuridão era iluminada pelo barulho de pequenas luzes que aqui e ali se escondiam na madrugada adentro.

A música soava na minha cabeça e de olhos fechados, caminhei em direcção à relva molhada.

Assim que coloquei o pé fora da alçada, sofri um arrepio de fazer colar-nos o corpo a uma fogueira, queimei-me com gelo quente e senti o frio borrifado pela chuva.

No Verão são rituais mais quentes e húmidos, contudo o gozo que me dá em praticar arte para a arte, estar nua sem ser vista, manter equilíbrios desequilibrados, é um prazer inesgotável que em mim habita e me aquece como o fogo que me atinge e me padece.

De Sabre na mão, coloquei-me em posição de equilíbrio, mantive uma silenciosa postura de rapidez atravessada pelo lento Sabre que saqueei e atingi sem foco, o que o vento fez questão de denunciar.
Um vento provocado pelo saque do arremesso do Sabre que a rapidez suavizou lentamente.

O gosto que tenho em desafiar o destino, é me imposto por mim e nem sei porquê, mas gosto de estar naturalmente escondida, protegida até, … dentro do meu espaço verde e que sei nunca me denunciar para o mundo. As posturas corporais acusadoras e de Sabre na mão, podem ser entendidas como ofensas e incompreendidas por terceiros.

Mas gosto, gosto mesmo de expor-me sem ser vista, de me denunciar, sem ser denunciada, de me acusar, sem ser acusada, de praticar, sem ser praticada, gosto apenas…de ter o poder de saber que me protejo das minhas denúncias e das minhas acusações, pois comigo tenho o Sabre que me inocentará com o fim de não ter fim.

Completamente extenuada pela frieza da chuva e aquecida pelos movimentos desequilibrados e, ainda de Sabre na mão deitei-me na relva ensopada de chuva e granizo, congelei-me até a dor me aquecer o corpo e inerte ficar.

Deixei-me estar deitada e adormecida.

O tempo clareou e eu levantei-me. Pé ante pé silenciada pelo nada, limpei cuidadosamente o Sabre e guardei-o em lugar oculto. Subi as escadas de madeira aquecidas pelo calor humano, denunciei-me através das pegadas molhadas que deixavam rastos de água agora aquecidas.

Abri a torneira e enchi a banheira, quebrei o silêncio e o mundo acordou. Eu… simplesmente já deitada na banheira cheia de espuma e de doces aromas, vesti o corpo e despi a alma, para parecer a mulher normal que qualquer mulher é.

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Como puderam ouvir, retrata a sensualidade da mulher num estado sensatamente louco…








O texto que agora vou ler pertence ao livro «Em Carne Viva» e, porque estamos num encontro Lusófono «Timor» é o seu título: 


Timor



Foi há 18 anos que me pariram.

Nasci à custa de cerca de 200 mil almas, naquele séquito inferno de consternação e mágoa, que por mim lutaram de modo a que a dor não se fizesse sentir, nesse parto que teimou em chacinar, mas vingou ao nascer. 

Da terra que não tem dono e do homem que não tem terra, quiseram em mim penetrar, fecundar-me até ao mais âmago da minha alma, matar-me para não nascer e apenas existir com cúmplices nomes de crueldade e vingança. 

Dei tudo de mim e de mim tudo tiraram, mas venci, mesmo que do nada tenham surgido almas espalhadas por campas não desejadas, renasci e agora vivo, em honra daqueles que por mim quedaram e, não em prol dos que em mim habitaram, com garras de guerra sem nome, por uma ambição desmedida e igualmente desumana.

Nasci, mas não cresci.

Estou ainda a amadurecer ideias e ideais, estou a parir novos feitos sem feitos, desta feita, com dor daqueles que ficaram, pela saudade dos que partiram. 

Surgi, como disse, com novos cúmplices, mas agora quererei apenas ser conivente com a honra e não com a desonra, quererei apenas partilhar e fecundar vidas com sede de brincar, brindar e brilhar por motivos vários e, por muitos e muitos anos, séculos até, mas sempre lembrando que foi no dia 12 de Novembro de 1981 que, em mim elegeram a luta pela independência que apenas aos 18 se tem, mas não se vive, porque o amadurecimento dessa vida, vai longe, e apenas cresce com a dor que nos desafia.

Sei ser igual dor para muitos, como fui para aquelas almas que por mim cederam, mas sei que muitos há que por mim lutarão, apenas por acreditarem que eu posso viver em harmonia, com nome de democracia não camuflada e apenas desnudada.

Timor, terra virgem que já foi desbravada, terra fértil que já foi fecundada e, agora renascida de almas vivas, porque nelas serão lembradas uma data que nunca foi data mas, agora é data da memória com dor.

A Vós almas, desumanamente e cruelmente chacinadas, que por mim sofreram, em cruzes de Cristo e jazigos ossários, num cemitério onde a paz um dia reinou, mas nessa hora apenas matou.

A Vós almas, 18 anos depois, Vos suplico que deis nome a outras almas, desta feita, vivas e humanas, para que eu possa crescer e não apenas ficar, como que se toda a Vossa luta tivesse sido em vão, e de nada valeu terem-me oferecido o que de mais precioso temos, a vida, a nossa vida, a terra, a nossa terra, a alma, a nossa alma e a honra, a nossa honra, mas sempre sem desonra. 





Obrigada!

Ana Mascarenhas
Odivelas, 21 de Maio de 2011